Bioinsumos e safrinha: combinação que impulsiona produtividade do milho

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A segunda safra de milho no Brasil, popularmente conhecida como safrinha, consolidou-se nos últimos anos como o principal ciclo produtivo do cereal no país. Em 2025, a colheita da safrinha superou as expectativas e alcançou números expressivos. De acordo com estimativas da Conab, foram colhidas aproximadamente 99,8 milhões de toneladas, representando quase 80% da produção total de milho no país. Em algumas projeções, como a do IBGE, esse volume chegou a 102,4 milhões de toneladas, o que indica um crescimento de mais de 11% em relação à safra anterior. Esse avanço não se deve apenas às condições climáticas favoráveis, mas também ao uso crescente de tecnologias agrícolas, entre elas, os bioinsumos, que vêm transformando o modo como se produz milho no Brasil e no mundo. 

Os bioinsumos são produtos de origem biológica como microrganismos, extratos vegetais e substâncias naturais que promovem o crescimento das plantas, aumentam a eficiência nutricional, fortalecem o sistema de defesa da planta e contribuem para o controle biológico de pragas e doenças. Na cultura do milho, esses insumos têm desempenhado papel cada vez mais relevante, principalmente em um cenário de busca por sustentabilidade, produtividade e racionalização de custos. 

No solo, os bioinsumos ajudam a melhorar a estrutura e a fertilidade, favorecendo o desenvolvimento radicular e a absorção de nutrientes pelas plantas. Algumas bactérias, por exemplo, fixam o nitrogênio diretamente nas raízes, reduzindo assim o fornecimento de nitrogênio para a planta. Outras atuam no estímulo hormonal, promovendo crescimento mais vigoroso mesmo em condições adversas. Além disso, agentes de controle biológico têm sido amplamente utilizados no manejo de pragas como lagartas e percevejos, com eficiência comparável e muitas vezes superior aos produtos químicos tradicionais. 

O Brasil vem se destacando mundialmente nesse setor. Já ocupa cerca de 11% do mercado global de bioinsumos e apresenta crescimento médio anual de dois dígitos. Esse avanço é impulsionado por políticas públicas, marcos regulatórios específicos e, principalmente, pela adoção crescente por parte dos produtores que reconhecem o retorno técnico e econômico dessas soluções. A agricultura tropical, marcada por solos exigentes e alta pressão de pragas, encontra nos bioinsumos um caminho viável para intensificar a produção de forma responsável. 

Apesar de o rendimento médio do milho brasileiro ainda estar abaixo de países como os Estados Unidos, observa-se uma constante aproximação nos índices de produtividade. E a safrinha tem sido protagonista nesse movimento. Com manejo adequado, uso racional de insumos e tecnologias biológicas integradas, é possível atingir patamares superiores a 100 sacas por hectare, realidade já presente em muitas regiões do Centro-Oeste e Sul do país. 

Em escala global, os bioinsumos também têm papel decisivo na resposta aos desafios da agricultura moderna. A busca por sistemas mais sustentáveis, resilientes às mudanças climáticas e com menor impacto ambiental é hoje uma prioridade em todas as grandes regiões produtoras. O milho, como base da alimentação humana, da nutrição animal e da indústria de biocombustíveis, demanda soluções inovadoras que garantam segurança alimentar sem comprometer os recursos naturais. 

Nesse contexto, a combinação entre a força produtiva da safrinha brasileira e o avanço dos bioinsumos representa uma das maiores oportunidades do nosso tempo. Trata-se de um modelo que alia eficiência agronômica, equilíbrio ambiental e geração de valor no campo e que coloca o Brasil, mais uma vez, na liderança da agricultura mundial.

Fellipe Parreira – Comercial Norte da VIVAbio.

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